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terça-feira, 29 de maio de 2012

CINE RIO BRANCO.



Caracterização Arquitetônica

A caracterização arquitetônica original está descrita e documentada em texto dos arquitetos Olavo Pereira da Silva e Maria Cristina Caio Silva em 20 de junho de 1998, textualmente reproduzido abaixo:

"Quando procuramos por uma característica particular ou por elementos originais no prédio do Cine Rio Branco vamos encontrá-los, com mais nitidez, no arranjo de formas arquitetônicas diversas, em sintonia com a tendência poliestilista que marcou os anos do pós guerra. O cinema surgiu num momento de grandes perspectivas para o mercado cinematográfico brasileiro, quando a Atlântida estava em plena produção, embora coincidindo com o encerramento das atividades da Vera Cruz.

Sua arquitetura exibe o timbre do ecletismo mesclado no abstracionismo do art decô, que delinea o ambiente interno, e nas cores pastéis e preto do foyer e frontaria assimétrica, com perfis e colunas inclinadas, revestimentos de pedra e vedações com tijolos de vidro alusivos ao modernismo.

Na frontaria, um grande painel de combogó, que lembra o Pavilhão Brasileiro na Feira de Nova York, em 1939-40, emoldurado por frisos, sobre a marquise em toda a extensão da fachada, sugere uma tela de projeções, caracterizando a função do imóvel. Somando-se a ele grandes vidraças conjugadas com varandas abertas e guarnecidas com balaustradas de ferro e que se repetem no interior. A simplicidade compositiva imprime o sentido arquitetônico da obra, mas não traduz a volumetria interna, talvez pela própria altura e declividade natural do terreno onde foi adequadamente assentada a platéia. Esta é dividida em nove setores, sendo seis no térreo e três no balcão.

Em que pese o repertório eclético o conjunto é vigoroso, especialmente na volumetria do ambiente interno, ajustada para 1.400 poltronas, das quais 400 no balcão. O super dimensionamento (43,50 metros de profundidade por 24,90 metros de frente) é o reflexo do monumentalismo que caracterizou um estilo de vida pré-industrial. Apesar da simplicidade das linhas a passagem do foyer para platéia é surpreendentemente contrabalançada pelo grande volume, iluminação e acústica da sala de projeções. Sente-se ali o clima romântico dos anos sessenta.

O prédio é valorizado pelo mobiliário, especialmente divãs, balcões, espelhos, lustres e luminárias. Esta últimas dos tipos cone e calota esférica, em alumínio perfurado e pintadas de cores fortes. A iluminação em cores e luzes indiretas completa a caracterização do ambiente.

Balaustradas de ferro cruzado com corrimãos de madeira polida, aliadas aos lambris de madeira canelada, ao frisamento xadrez das paredes, às poltronas e recortes da boca de cena e teto são as mais fortes expressões vinculadas ao art decô, enquanto o geometrismo ordenador confere um ar de modernidade.

Todos os revestimentos do prédio ainda estão preservados. As repinturas, embora em tonalidades aparentemente diferenciadas das originais, conservam a tendência do cromatismo original. Quando da inauguração do cinema o Jornal o Correio do Sul revela que predominavam no interior o azul, rosa e branco, além do azul-claro. O piso é taqueado na platéia e balcão, cerâmico no mezanino e marmorizado no foyer. A cobertura, originalmente de telhas cerâmicas foi substituída por telhas de cimento amianto. Sua enorme tela foi construída para exibição de filmes panorâmicos, vistavison, cinemascope, supercope, etc. A acústica é tratada com eucatex perfurado. A cabine de projeções era então o que havia de mais moderno no mundo. Também mobiliário – poltronas, bilheterias, cadeiras e divãs, mesas e balcões – encontra-se presente.

A construção de concreto armado foi fiel ao projeto, em que pese algumas diferenciações estruturais, e encontra-se em boas condições de conservação, salvo as instalações sanitárias que já perdeu alguns elementos de época, pela própria fadiga dos materiais, além de serviços generalizados de manutenção.

O Cinema Rio Branco teve suas obras iniciadas em 7 de agosto de 1954 e inauguradas em 11 de agosto de 1956 e sua importância como casa de projeções pode ser conferidas no Theatre Catalog – equipment encyclopedia and buyers guide, Philadelphia, Penna. USA. 1958, onde ilustra uma página inteira com fotos e referências técnicas.

A ficha técnica da construção do Cinema Rio Branco, publicada no jornal Correio do Sul, ano XI, n. 1.107, 16/08/1956, é a seguinte:

Construção: eng. Maurício Ferreira Barros.

Projeto e decoração: José Braga Jordão.

Cálculo de concreto: eng. Mildo Rugani.

Encarregado das obras: sr. Antonio Napoleão de Marco.

Colaboração da Eng. Engenharia de S. Paulo através de seu diretor eng. Szymon Goltard."

CRB-CARAC

web.archive.org

"Quando procuramos por uma característica particular ou por elementos originais no prédio do Cine Rio Branco vamos encontrá-los, com mais nitidez, no arranjo de formas arquitetônicas diversas, em sintonia com a tendência poliestilista que marcou os anos do pós guerra. O cinema surgiu num momento de ...



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